Política no sentido estrito ou no sentido lato?
Sociedade civil, participação e cidadania, a velha cidadania tão desejada: de que devemos falar mesmo?
Pois bem, já faz muito tempo que vivo no meio político, inicialmente de forma direta e posteriormente de forma indireta. Ocorre que mesmo existindo uma paixão natural pela ciência, às vezes me ponho a pensar do saudoso poeta a frase: “QUE PAÍS É ESSE?”.
Quem não se recorda daqueles momentos em que só se ouvia falar em neoliberalismo? Pois é, para aqueles que são verdadeiramente políticos ou para aqueles que estudaram, reconhecem que a implantação em âmbito global do projeto neoliberal trouxe profundas conseqüências para as sociedades latino-americanas.
Se essa constatação é hoje senso comum no que se refere à reestruturação do Estado e da economia, os impactos desse processo sobre a cultura política de nosso país são menos reconhecidos e menos ainda em suas especificidades nacionais.
Vivemos uma época em que no âmbito Municipal e porque não dizer também Estadual, discutir assunto dessa natureza passou a ser algo utópico, pois além da falta de conhecimento de alguns parlamentares e de alguns gestores, a questão política tornou-se algo nojento e indesejável para aqueles que almejam discutir políticas públicas.
Quando desejamos que a disputa política entre projetos políticos distintos assumisse o caráter de uma disputa de significados para referências aparentemente comuns: participação, sociedade civil, cidadania, democracia, observamos que, para muitos, isso não passa de filosofia barata. Pois nossos políticos preferem divertir uma pequena platéia e receber seus proventos porque eles trabalham muito.
Esses políticos deveriam pelo menos imaginar que nessa disputa, onde os deslizamentos semânticos, os deslocamentos de sentido são as armas principais. O terreno da prática política se constitui num terreno minado, onde qualquer passo em falso nos leva ao campo adversário. Mas que adversário seria esse? Afinal, poucos fogem à regra. Só que, para aquele que procura trilhar pela legalidade e pela melhoria de um sistema falido, começa a perceber a perversidade e o dilema que ela coloca, instaurando uma tensão que atravessa hoje a dinâmica do avanço democrático.
Por um lado, a constituição dos espaços públicos representa o saldo positivo das décadas de luta pela democratização, expresso especialmente, mas não só pela promulgação da Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, que foi fundamental na implementação destes espaços de participação da sociedade civil na gestão da sociedade, muito embora esses princípios não estejam sendo respeitados.
Nos dias atuais podemos perceber, por exemplo, a luta de um grupo de formadores de opinião, em manter seus direitos líquido e certo. Direitos adquiridos ao logo de uma vida e que de repente sentem-se fragilizados em ver que tudo aquilo que um dia chamou de conquista foi perdido em detrimento da falta de responsabilidade daqueles que se sentem dono do poder. O exemplo disso tem a situação tão discutida e polêmica do momento, o famoso piso salarial dos professores que passaram a maior parte de suas vidas lutando para uma transformação, tentando transformar pedra bruta em obra de arte e em alguns momentos percebem que o trabalho para o qual foi preparado(a) não está sendo reconhecido pois os recursos estão escassos em virtude de uma crise que de repente apareceu e que não sabemos o por quê? Será que não? É simples. Basta fazer as contas, basta dizer que não pode pagar salários dignos a professores afinal tem que bancar a incompetência de pessoas que apenas visa o dinheiro fácil sem saber o significado de 40 horas em sala de aula, afinal muitos nem passaram por lá.
O político deve ter em mente que as pessoas respeitam quem reconhece seus erros. Nenhum Político precisa divulgar informações que podem ser prejudiciais à sua imagem política. Essa é uma tarefa que só interessa a seus aliados e posteriormente adversários políticos, se vão usá-la ou não, ninguém sabe, mas só eles saberão o que vão fazer com as informações adquiridas e arcar com o ônus ou bônus de explorá-la politicamente.
Mas não devemos esquecer que nesse jogo existem algumas exceções: quando o fato ou declaração que sejam prejudiciais torna-se conhecida da opinião pública a coisa toma outro rumo, pois fugir da responsabilidade, seja fingindo que se preocupa ou mesmo fingindo que ela não existe, passa a ser um erro primário que produz conseqüências gravíssimas. Por tudo isso é que para mim a política precisa ser dedetizada, existem muitos insetos nocivos a saúde de um povo. Para mim, todo pseudo é nocivo a sociedade.
sábado, 18 de julho de 2009
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